quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
O início, o fim e o meio
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Acadêmica, oh noes!
sábado, 12 de dezembro de 2009
Fins?
A minha de 2010 vai começar com uma enorme reticência. E terminar também.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Do chão ao céu, da boca ao reto¹
O capim fica na boca: eu mastigo, engulo, ele volta, mastigo de novo. Quase dá pra pensar que a comida nunca vai parar de subir. É bem desesperadora esta fase.
Eis que certa hora, de supetão, aquilo não volta mais. Segue seu caminho do estômago, rumo ao chão.
A coisa vira esterco. Puro, asqueroso e inútil. Todos os nutrientes já foram sintetizados, de todas as formas possíveis.
- E esterco, mamãe, serve pra quê, hein?
Para nada. Nada, além de tornar a terra muito mais fértil para as novas sementes que virão. E para se misturar e sumir completamente em meio à areia tão fofinha.
sábado, 28 de novembro de 2009
Poeticidade
As boas conversas são aquelas que fomentam o seu pensamento durante dias, semanas, meses. Que fazem as ideias virarem capim em estômago de vaca (esterco, esterco meu, existe alguém mais lírica do que eu?).
Fazia tempos que não pensava sobre essa coisa toda de poesia - ando afastada das paixões arrebatadoras como a literatura e como as paixões. Às vezes é necessário deixar de lado a inspiração pela transpiração, como corroboraria João Cabral.
Vá lá, há poucas coisas que excitam tanto quando ler uma coisa boa e escrever uma coisa boa ou trocar ideias boas sobre escrituras boas etc. ad infinitum.
Numa dessas trocas da vida, voltou a mim a fervilhada sobre as palavras e a poesia.
O problema do valor da palavra atinge tanto os meios pragmáticos de comunicação quanto os estéticos. Escolher a palavra certa pode render louros tanto quanto processos e serjetas sociais.
De qualquer forma, os nossos discursos são sempre elaborados em função do outro, porque queremos que ele concorde conosco. Queremos sempre a adesão narcísica a nosso modo de pensar.
A intencionalidade discursiva na poesia funciona de modo um pouco distinto: ela se relaciona à musicalidade. Ela tem, sobretudo, um apelo aos sentidos físicos e não apenas semânticos. Ela causa vertigem, sonho, mal-estar, tristeza, agonias. A poesia é uma produção estética, e, como tal, apesar de ter pressupostos e propósitos, tem uma função também sensorial.
E há gente que não gosta de poesia e eu só consigo entender isso usando a explicação de que essas pessoas simplesmente não entendem poesia. Como pode não gostar da linguagem no máximo e no mínimo grau? Pound (informe-se) e Barthes num cabo-de-guerra. Abstrações alienantes são ópio do povo dotado de neurônios e sensibilidade.
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
- Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
- Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
- A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
- Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
sábado, 21 de novembro de 2009
OK, Paranoid
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Rebundantes
Cecília Meireles
Déjà'vu, Djavans, pressentimentos, apréssentimentos.
Escrever tem me causado uma sensação de repetição, de redundância contínua. Embora as pessoas novas não me achem clichê - afinal, é a primeira vez que me ouvem -, eu sei que eu já disse isso ou aquilo algumas vezes antes, a novidade em mim não existe para mim.
O mesmo tem acontecido quando vou escrever meus textos, com exceção dos acadêmicos, que normalmente são paráfrases de outros e não de mim mesma.
Cansa se repetir, mas, às vezes, quando menos se espera, pode-se repetir para alguém tão novo que a impressão é de que você é quem está novo, como uma paráfrase muito bem enfeitada, como palavras bonitas de poetas famosos.
Já disse também que vejo uma semelhança incrível entre química, literatura e gente, quando se pensa que as combinações infindas podem resultar em produtos novíssimos e inesperados. Sempre.
O que resta é ficar feliz por ser mais redundante que rebundante, como tantos por aí. Entenda-se o que quiser.
Discurso fragmentado é a velha moda do verão.
A lógica temporal é uma convenção babaca, mas da qual todos nós somos escravos. Às vezes. Noutras, a gente esquece dela.
Há palavras fermentando. Há palavras em mim. Mas há muito mais de mim nas palavras.
Sobretudo. Sobre tudo. Sobrar é bom, ruim é faltar.
Costura-se retórica. Onde?
As palavras são dedo-duras. Hard Rock Words. The word gets around.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
(Des)necessária
Mogli, o menino lobo
acessório Datação: 1534
adjetivo
1 que se junta ao principal; suplementar, adicional, anexo
2 Derivação: por extensão de sentido.
que tem importância menor; secundário, dispensável
substantivo masculino
3 o que se junta ao principal, sem lhe ser essencial; detalhe, complemento, achega
4 peça ou objeto que serve de adorno ou complemento (p.ex., do vestuário, como cinto, bolsa etc.)
accessório; ver antonímia de necessário
Do Houaiss (adaptado).
Os acessórios também podem ser usados para adornar móveis. Como, por exemplo, um vaso ou um porta-retrato na estante. Com ou sem eles, a estante continua servindo para o que foi feita.
Quando estudamos sintaxe, aprendemos que há os termos integrantes e acessórios da oração. Os primeiros não podem faltar; os últimos podem existir ou não.
Os cintos - e como eu sinto! - passam de moda, e são deixados no fundo do closet. As bolsas, idem.
Ser ou sentir-se acessório é o maior pavor da que vos fala: a saudade é a contra-partida do esquecimento. Uma vez que não sentem a sua falta, você pode ser parte do grupo dos acessórios: o contrário do necessário; desnecessário.
O ostracismo é cruel. O esquecimento é muito pior do que o ódio. É pior do que se entrevar.
sábado, 31 de outubro de 2009
S.E.L. (Síndrome do Ex-Loser)
Ele era uma criança ou adolescente fora dos padrões físicos europeus. Era tímido, gostava de atividades intelectuais e não era o melhor atacante do time de futebol. Usava aparelho e as roupas nunca lhe caíam bem (ou não sabia escolhê-las).
Na puberdade, as meninas nunca faziam festa para ele. Nas festinhas, ficava no canto do salão com seu grupo de amigos conversando sobre a campanha de RPG.
Eis que algum evento inusitado ocorre em sua vida e ele se dá conta de que o que quer mesmo é fazer parte da galera descolada que faz sucesso na cidade. Quer frequentar os shows de forró e ser disputado para dançar. Quer poder escolher entre as garotas disponíveis daquele grupo que conheceu na viagem, e não ficar com a única que sobrou.
A idade também ajuda: agora sua voz não oscila mais. Seus ombros estão mais largos e o remédio para espinhas finalmente fez efeito. Ele se matricula numa academia e começa a prestar atenção nas roupas que a "galera" descolada gosta de usar. Adicione isso ao fato de ter conseguido passar logo no vestibular, em curso badalado. Pronto! Ele já é um Ex-Loser!
A próxima etapa é sair pelo mundo como um rolo compressor, sem se importar com os problemas e sentimentos alheios. Punindo todos aqueles que não têm nada com o fato de sua vida, até então, ter sido um depósito de frustrações.
O problema dessa categoria de gente é o mesmo dos adultos em relação às crianças: eles esquecem que já foram pequenos um dia. Assim, passam a recriminar as atitudes infantis sem ao menos dar uma paradinha para refletir. Há quem diga que quando nos tornamos adultos é que ficamos idiotas. Eu digo o mesmo com os Ex-Losers.
Clá há tempos me indica um livro de Martin Page chamado "Como me tornei estúpido". Tenho a leve impressão de que ficarei viciada quando começar a ler, por isso não o fiz ainda. A linguística me consome.
Tornar-se estúpido é justo o procedimento de um Ex-Loser. Ele abandona tudo o que tinha de bom - a maneira peculiar de ver o mundo, os gostos peculiares, os amigos estranhos e engraçados - e passa a fazer parte de um mundo massificado, banal e desprezível. Ele passa a ser mais um.
Todo mundo quer ser incluído, se identificar. O problema é que alguns não conhecem limites para isso, tomando uma decisão quase sempre sem volta.
É engraçado como às vezes é fácil reconhecer o tipo Ex-Loser. É quase possível enxergar nele os vestígios de alguém realmente diferente e decente, mas ele não deixa a coisa transparecer por muito tempo, enterrando o seu ex-eu com uma boa camada de idiotice.
De acordo com dados experienciais e empíricos, eu daria o seguinte conselho para alguém que conhece gente assim e tem esperanças de resgatar o ser humano decente contido ali:
Se somente você enxerga uma pessoa e todos os outros não a veem, há somente duas hipóteses. Primeira: você tem esquizofrenia. Segunda: a pessoa não existe. (A segunda não exclui a primeira, ratifica).
Aprendi em psicologia que a realidade deve ser atestada por mais de uma testemunha para ser reconhecida oficialmente como tal.
Se só você consegue ver as valiosas e remanescentes qualidades especiais contidas naquele Ex-Loser, talvez elas não estejam mesmo mais lá. Talvez elas estejam apenas em você. Um original Loser, eterno e incurável (que bom).
E lembre-se: só Jesus salva. Não queira ser Jesus, ele só levou revés.
Beijos.
Aprés
Eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Ela olha de lado, a cara amassada, os poros molhados, olhos dilatados.
Ele ri.
- Meu Deus, eu te amo tanto que parece que vou morrer. Estou sufocada.
Ele ri, dá um beijo em sua testa e dorme. Tranquilamente.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Ás às as
Teu sentimento:
irmão de mármores
e amigo de ventos
E lá se perdeu
a borboleta
recém-nascida do meu casulo
E me perguntaram:
- Já não sabes mais voar?
Minhas asas
perdidas por lá
Passeiam sílfides
livres de mim
e eu estática
era tática do teu frio
duro, exato, vazio
Prossegue a procura
no escuro da tua caverna
escura
Cabra-cega
Onde não há Ariádnes
por onde Pandora espalhou
seu labirinto de males
Onde ficou perdido o detido
o batido das minhas asas esquecido
as asas que ganhei de presente de ti
as minhas asas
as que nunca mais eu vi.
sábado, 24 de outubro de 2009
Doçuras ou travessuras?
Resistir a uma fatia da torta preferida ou a uma tacinha do sorvete no congelador parece algo cada vez mais impraticável. E aquele pudim da vitrine do restaurante da universidade? (Ao menos a esse ainda tenho resistido).
Essa semana, na fila do caixa do restaurante, ao lado da vitrine dos doces, me lembraram de um texto que eu havia escrito, falando do pudim. Sobre o quanto era difícil a gente olhar aquele doce tão lindo, brilhante, e ter que dizer "não, obrigada"; mesmo sabendo que ele é delicioso e está totalmente disponível para o consumo. Eu escrevi aquilo para falar dos pudins, mas antes disso eu queria falar sobre o quanto é difícil tomar a decisão de não fazer algo que se quer, de que se gosta e que faz momentaneamente bem, como é o prazer de degustar um doce bom.
Os doces são assim como o amor. Eles trazem em sua essência essa ambiguidade angustiante da convivência entre prazer e nocividade. Assim como o amor, deve-se aprender a consumir doces na frequência e quantidade certas.
Mas, afinal, quando isso finalmente acontece?
Moody's vibes
- Ela parece confusa sobre se você e a mãe dela ainda estão juntos ou não.
- E não estamos todos?
- Ah, bem, é uma pena. Eu adoraria te arranjar alguém, um dia desses.
- Ah, eu agradeço a intenção, mas isso é uma causa perdida.
- Ah, é? Por quê?
- Bem, é meio que a minha punição, sabe? Jantar, bebidas, Deus sabe mais o quê. Mesmo não estando muito interessado, acabo dizendo o quão bonita ela é. Porque é a verdade. Todas as mulheres são, de uma forma ou de outra. Sempre tem alguma coisa em cada uma de vocês. Um sorriso, uma curva, um segredo. Vocês, senhoritas, são de fato as criaturas mais incríveis. O trabalho da minha vida. Mas aí chega a manhã seguinte. A ressaca. E o pensamento de que eu não estou tão disponível quanto eu achava que estava na noite anterior. E aí ela se vai. E aí eu sou assombrado por outro caminho não percorrido.
- Nossa, estou impressionada. Você parou com a palhaçada por um momento e falou algo de verdade.
- Eu faço isso, às vezes. Mas nunca tem como saber quando. Tem que prestar atenção.
Sabe... o melhor presente que o nosso discurso pode ganhar é o discurso de outrem.
Em algumas línguas, os substantivos fazem declinações de acordo com o tempo e com a sintaxe.
Só uma língua dessas poderia traduzir hoje o que eu estou sentindo: Ai, que saudade de mim no passado.
domingo, 18 de outubro de 2009
Se escreveu, não remeta
A ausência é um estar em mim.
(C.D.A.)
Era uma vez uma garota que sentia saudades. Ela escrevia cartas para as pessoas, contava o seu dia, como tinha sido o último fim de semana e também falava as últimas notícias de sua vida. Pedia opinião, fazia piadinhas, lembrava momentos e até ria. Até parecia que a outra pessoa estava lá, perto dela. Depois, não remetia. E assim tudo se resolvia.
Os sentimentos de cada um são somente problema dele mesmo. Resolva os seus sozinho e faça o mínimo de barulho possível. E, se possível, quando sair, apague a luz.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Professora
Como tenho mania de dicionários e como minha orientadora já publicou pesquisa sobre os gêneros nos verbetes de dicionários, está aqui o significado de professor e professora, segundo o Houaiss (que se lê "Uaiss" e não "Rauaiss"):
professor
substantivo masculino
1 aquele que professa uma crença, uma religião
2 aquele que ensina, ministra aulas (em escola, colégio, universidade, curso ou particularmente); mestre
Exs.: p. de matemática
p. de violão
p. adjunto
3 Derivação: sentido figurado.
indivíduo muito versado ou perito em (alguma coisa)
n adjetivo
4 que professa; profitente
Então, assim deve ser excelente ser professor. Então, estou feliz.
professora
substantivo feminino
1 mulher que ensina ou exerce o professorado
2 Regionalismo: Nordeste do Brasil. Uso: informal.
prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual
Como professora e nordestina, agradeço novamente a vocês e aos dicionários.
Que vida feliz.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Intermitência contínua
Daquela, as possibilidades sempre quase em potências de mil, périplo ao redor do colchão. Viagem ao centro da cama.
Destas, a latência de um latejar: dor de dente e otite. Que passa e perpassa em intervalos temporais aleatórios, num minuto vago entre um riso e a companhia daqueles que apontam para um futuro bom.
E essa sensação de que o mundo dá voltas, as palavras dão voltas (wor(l)d gets around - e o inglês competente). E este arredondamento leva sempre ao centro de um dêitico aspiral que termina sempre no mesmo lugar: aí; ali; lá.
Onde tudo era impossível: só eu possível.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Inteligência e Felicidade Feminina
Prova disso é o alto índice de suicídios de pessoas de filosofia (totalmente embasado este argumento, hein?). Sem brinks, o fato é que quanto mais temos consciência sobre o labirinto em que estamos imersos, é mais difícil ter esperanças e ser otimistas diante da História e dos fatos presentes. A caixinha de Pandora se abre para aqueles que são capazes de ver (e sentir, principalmente) um pouco mais além. É quase insuportável: então, você finge que nunca viu nem nunca abriu a caixa e segue em frente, se enganando e tomando sombra e sal.
Longe desta que vos fala se considerar o ápice da inteligência feminina, quando ela mesma conhece figuras como Hilst e Lispector que a colocariam num abismo obscuro se a comparassem com elas. Jamais. Mas se há a certeza de que existem mulheres muito mais inteligentes e fantásticas do que eu, há também a de que há ainda mais criaturas deprimentes. Fico com uma frase de twitter de Millôr Fernandes: "De uma coisa estou certo: sou bem pior do que os melhores – mas um pouquinho melhor que os piores".
Observando as histórias de vida das divas que mais amo, há uma constante. Nenhuma delas teve uma vida normal, no padrão social de felicidade. Nenhuma delas foi linearmente feliz no amor: desastres totais.
Hilda se apaixonou por figuras diversas. Uns viraram personagens de poesias, como o Dionísio da Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé. Outros foram figuras famosíssimas, como Marlon Brando, este a quem ela não conseguiu seduzir. No fim de tudo, fica a pergunta: Hilda foi feliz no amor? Como saber?
Leminski tem um poemeto muito bonitinho e verdadeiro que diz:
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Pelas rimas dela, vejo que jamais poderia ela ter sido feliz no amor, porque o "ouro de dentro" de que tanto falava não poderia permitir. Esse ouro era ela mesma, era essa sede dela pela vida, pelo conhecimento, pela busca de respostas.
Assim foi também com Clarice, que se definia como uma grande pergunta. Alguém que se pergunta tanto só pode passar a vida toda sozinha, porque não se podem encontrar respostas em ninguém.
Um amigo meu me disse que era muito bom conversar com mulher inteligente. Um dia, tempos atrás, eu e ele passamos um tempo grande conversando no MSN sobre dialética, sofismas e um punhado de assunto que ia se empilhando e dando voltas em outros. A conversa era bem interessante e exercitava os miolos de ambos. Trazia contribuição para a vida dos dois.
Ele disse que no mesmo dia tentou puxar o mesmo assunto na janela ao lado com uma ex-namorada dele, e ela simplesmente desconversou dizendo "lá vem você com essas conversas complicadas". Riu e o diálogo parou por ali nas primeiras frases.
Eu conheço de vista essa menina, e ela anda sempre feliz nos corredores, parece bem satisfeita. Ou seria só o verdume do muro ao lado?
Ainda não consegui achar vantagens em ser inteligente (ou um pouquinho melhor do que as piores). Elogios? "Conversar com você é fantástico!". E daí?
As pessoas sedentas por respostas costumam exigir muito das outras, como exigem da vida e de si mesmas. As outras não suportam isso, ainda mais os homens.
As mulheres inteligentes estão fadadas ao fracasso?
E se colocarmos roupinha de ginástica e pintarmos os cabelos de louro? E se usarmos salto cor-de-rosa com calça apertadinha? E se rirmos das coisas idiotas que nos dizem? E se enchermos o álbum do orkut de autofotos no espelho, mostrar decote e fazer caras e bocas? Um brinde ao lirismo! Aurea mediocritas. Um beijo, Horácio (informe-se).
Meu novo Houaiss grandão (obrigada, bônus do Governo de PE) diz assim:
felicidade
n substantivo feminino
1 qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar
2 boa fortuna; sorte
Ex.: para sua f., o ônibus atrasou, e ele pôde viajar
3 bom êxito; acerto, sucesso
Ex.: f. na escolha de uma profissão
Consciência plenamente satisfeita só se for inconsciência, neguinho.
SORTE! SORTE! SORTE! SORTE!
Felicidade é sorte. Inteligência não.
É só isso. Não tem mais jeito. Acabou. Boa SORTE!
Ósculos e Amplexos. De amigo.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Se o caso é chorar... *
Que seja sempre terra o que é celeste
E que terrestre não seja o que é só terra.
Se é pra chorar, que seja por Vinícius de Moraes, que te troca por outra em um mês, mas escreve isso pra te dar:
Soneto de Devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei os
Carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela.
Sendo assim essa mulher, o que importam as outras?
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Na poesia é tudo mais bonito)
* Título roubado de Tom Zé
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
As coisas chãs e vãs *
E decifrar teus sonhos hieróglifos freudianos
Fruto de teu esfíngico inconsciente
Pois é o seguinte:
Não acho uma boa dormir no ponto
Dar uma de tonto
E vomitar pelos divãs
As coisas chãs e vãs
Tão próprias do cotidiano
Sabe-se que isto não é um twitter, mas deu vontade de que fosse.
O professor da nova academia é um tremendo babaca e eu gostaria de dizer isso a ele. Não me manda alongar e esquece de passar os abdominais. E ouve pagode. Céus, o que há com esse povo de Educação Física (área de saúde, em geral) que não pode ter BOM GOSTO e discernimento? CORPO SÃO, MENTE SÃ. Parece que eles só entendem a primeira parte do dito latino.
As filas dos bancos são de desanimar qualquer cidadão honesto. E a gente ainda paga a multa pelos dias em que ficou sem pagar a fatura do cartão porque: 1- O boleto não chegou, os Correios estavam em greve; 2- Não dava pra pagar no banco, os bancários estavam em greve.
Minha psicopatologia por Sigismund Freud adquiriu status preocupante na última terça. A pessoa passa duas horas de almoço falando de fase oral, anal e fálica e fica tentando explicar tudo através disso. Descobri que gente pirangueira ou muito EGOÍSTA e vaidosa (já vi essas três características juntas em um ser humano só, pasme) tem problemas com a fase anal. Então, se você se reconheceu aí, é bom perguntar a Freud o que houve com o seu... orifício corrugado localizado na região cervical infra-lombar, como diria a minha avó (sim, ela diz isso).
Sério, há um amor platônico de mim para Freud. Estou com medo.
Há um troço chamado florais terapêuticos e, ao que parece, eles funcionam. Se você tem FRESCURAS de pessoas sensíveis - que não têm mais espaço em nosso demente e autosuficiente mundo dos despreendidos e desapegados - tipo ansiedade, estresse, medo, blablabla, tome umas gotinhas por dia. Mal não faz.
Chá verde acelera o metabolismo, é o que dizem as pessoas do eme-esse-ene e do google. Tamo aí no chá.
Levar almoço e lanches de casa pro trabalho pode te fazer economizar uns 40 reais (às vezes mais) por semana. Isso dá 160 reais ao mês e quase dois mil reais ao ano. O único problema é você ter que andar com uma mochila cheia de comida o dia todo. O lado bom é que ela vai ficando mais leve (hehe, muito engraçada).
Com essa grana, você pode ir pro DF ver o show de Paul McCartney em Abril. Ops... será um problema meu com a fase anal? Ajude-me, Freud, vamos brincar de pai e filha.
Declarado o post mais idiota dessa nova temporada. Em homenagem a meu instrutor da academia.
Acabou.
sábado, 26 de setembro de 2009
Vai: ser gauche na vida!
Hipótese
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Coisa boa de dar aula particular é que a gente aprende tudo por bem ou por mal. Há tempos, só vinha trabalhando redação e interpretação de texto com meu xodó particular, mas ele vem me dando tanto orgulho tirando nove em todas as redações, que achei por bem reforçar o conteúdo de literatura.
Aí vem aquela divisão didática ma-ra-vi-lho-sa (ironia, ok?) de fases modernistas. Segunda Fase do Modernismo: Poesia. Drummond, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Murilo Mendes e Jorge de Lima, estes dois últimos bem deixados para segundo plano injustamente. Políticas literárias.
Foram duas horas lendo poemas drummonianos para entender o lirismo dele, interpretar, cantar, amar. É sempre a última etapa do estudo de Drummond: uma vez tendo entendido, não há como não se apaixonar.
Não podia deixar de ler a poesia-chefe da fase chamada gauche do autor, o Poema das Sete Faces.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Expliquei a meu aluno o que significava a palavra gauche, em francês, e o que significava o seu significado em português. Aliás, ele agora quer estudar francês também.
Lembrando do gauchismo drummoniano, me lembro sempre dos grandes circunlóquios que eu costumava (voltei a costumar) ter com Márcio Rodrigues. Ele sempre dizia, no meio de uma ou outra conversa, o último verso desta primeira estrofe do poema: "Vai, Carlos! Ser gauche na vida".
Tentei explicar que esse sentimento de gauche podia ser entendido como um deslocamento do ser diante do mundo, diante do comum. E que por mais que se mudassem as pessoas, os bigodes, os óculos, as roupas, esse sentimento continuaria lá, dando ao sujeito a sensação de que jamais estará em sintonia com o fluxo natural das coisas, acordando, vivendo, dormindo, amando, esquecendo.
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Esse gauchismo se manifesta em certo grupo de amigos meus, de modo que sempre chegamos à conclusão que não fomos feitos pra esse mundo, mesmo se tentarmos ser Raimundos. De qualquer forma, preferimos gostar disso, ao menos algumas dores parecem ser compensadas pela consciência de que não somos mais apenas um grão de farinha deste saco de um quilo vendido a preço de banana (que está sendo vendida a quilo agora, hein?).
E daí? E daí? Somos diferentes, somos isso, somos aquilo, e daí?
Por mais que eu queira, ainda não consigo ver grandes vantagens em pensar. A consciência é dolorosa. A memória é dolorosa.
O que nos pode consolar é que, ao que parece, esse anjo torto aí não apareceu somente para Carlos. Ele veio para Rita, Márcio, Marconi, Rebeka, Marília, Rafael, Felipe, Clarissa, Mirela, Aline, Daniel, Victor (...). Ele veio e disse: Ser gauches na vida! E alguém tratou de acrescentar o termo "juntos" ao lado, numa tipografia bem pequena e misteriosa.
O gauchismo solitário é coisa pra quem não conhece as pessoas certas. Temos apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Não, nosso coração não é maior que o mundo, é bem menor. Deve ser por isso que ele doi tanto quando a gente sente tudo o que a gente não queria sentir.
E vamos ser gauches juntos, ao menos. Teremos duas, quatro, oito, dez... mãos dadas.
Como disse meu aluno (orgulho) espertinho: e se fôssemos centopéias? E se as poesias todas tivessem mãos?
A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.
(...)
Tudo é possível, só eu impossível.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Arrizotonia (risos)
Alunos batem à porta da gráfica e meu companheiro de trabalho, responsável por fazer as cópias, não estava lá. Fui eu mesma, pois já aprendi a mexer na maquininha simpática.
Eram dois alunos de uma turma do primeiro ano da qual gosto bastante - aliás, é à que eu mais gosto de dar aula. Um garoto e uma garota, que sempre aparecem pela gráfica para xerocar algum material, fato pelo qual eu brinco sempre com eles.
- Vocês aqui de novo!
- Hahaha! É...
Peguei o livro que eles queriam xerocar, e comecei o serviço.
- Rita, você gosta de verbos?
- Gente, eu estava agora mesmo lendo sobre verbos! Que bizarro vocês me perguntarem isso... Estão estudando conjugação, é?
- É, é um saco! Esse negócio de pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito...
- Rita, você já tinha esse piercing?
- Sim, sempre tive.
- Ah, gente. A diferença entre os pretéritos perfeito e imperfeito é simples. Tudo aquilo que parece não ter mais muita chance de acontecer de novo e que aconteceu um dia é imperfeito. Se eu falava, certamente não falo mais. Mas se eu falei, ninguém pode excluir a possibilidade de eu falar de novo, entenderam? É simples.
- Rita, você namora?
- Não.
- Namorava?
- Sim. Namorava.
- E não vai mais namorar, não é?
- Hehehe... muito bem, parece que vocês aprenderam direitinho.
Tenho certeza de que esses alunos jamais errarão quando o assunto for pretérito perfeito e imperfeito.
Existe algo melhor do que fatos pra nos ensinar sobre qualquer coisa?
Contra fatos não há verbos perfeitos, nem pretéritos, nem presentes, nem futuros.
Diálogos de uma pessoa só
- Gata, não vou te dizer que vai dar errado. Mas invista na carreira solo. Garanta alguma coisa.
- É, eu sei...
- E se quiser esperar, espere. Mas não espere.
E dizem que o português é mais rico do que o inglês. Ao menos eles têm wait, expect e hope e nós, nós só podemos mesmo é esperar. Se eu falasse inglês, seria melhor compreendida em algumas ocasiões. Doutrinar é uma barra, quando se tem apenas uma palavra para uma infinidade de possibilidades.
P.S.: NÃO ME PEÇAM CONSELHOS.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Q/
Qual o seu nome?
O que você quer ser?
Você já amou?
Você sabe o que é o amor?
Por que as pessoas ficam doentes?
Quem é Deus?
Você quer um pedaço?
Como estou dirigindo?
Quem sou eu?
Vinha conversando com um amigo no carro hoje, na volta de um cinema, e dizia a ele que era engraçado ser adulto e chegar no ponto em que se sente a necessidade de responder a si mesmo: onde eu quero chegar, daqui em diante? O que eu procuro? Com que objetivo eu irei trabalhar? Para quê? Para quem? Por quê?
A vida nos massacra com perguntas, mas ela também nos afaga. Devemos nos sentir valiosos, se somos capazes de fazer perguntas. Nós pensamos.
As respostas, às vezes, podem ser muito mais cruéis do que as questões delas.
Noite de domigo pode ser boa.
E vou dormir me abraçando e me cheirando e sentindo o meu cheiro novo tão bom, pelo qual estou apaixonada. Que bom que ele é meu, então. Obrigada.
Boa noite.
sábado, 12 de setembro de 2009
Espelhos
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu"
Ainda que os sistemas simbólicos façam parte de um universo condicionador e partilhado (o que se entende por sociedade), as percepções continuam passando através do filtro da individualidade.
Como este ou aquele escritor consegue dizer isto daquela forma? Inspiração?
Como aquele poema me veio naquela noite parecendo-se com um vômito ou um filho adulto?
As significações partidas de um eu-individual são a soma de experiências, leituras, falas, sonhos, relações, sinapses. A palavra que não é polissêmica e não tem tradução em nenhuma língua - nem mesmo na sua própria - explica algo que não é ímpar, mas passa a ser.
Este é o mistério da criação. É um equilíbrio mantido em ostracismo pela fórmula da palavra perfeita, do verso perfeito, da representação artística do que parecia impossível de ser estruturado em algo coerentemente realizável no mundo real dos homens.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
A Fraude explícita explica
Anco Márcio (reverência) diz que não acredita em três coisas: seminário, Papai Noel e psicanálise.
Como sabemos todos, o tio Freud é chamado de pai da psicanálise e, cá pra nós, não tem palavra que mais se pareça com o Sigismund do que PAI. O foco aqui não é esse, senão passaria a vida falando de como eu penso que ele deveria ser o pai do machismo e não da psicanálise, whatever.
O fato é que essa coisa de terapias psíquicas têm rondado a minha vida constantemente durante os últimos tempos, por todos os lados. E depois de decidir que não vou vender minha alma por uma hora e meia mensal batendo papo com uma tiazona, pergunto a meu professor (que é psicólogo também, reflitão), com toda a falta de noção com a qual às vezes encaro esta bestialidade social: "- Afinal de contas, terapias psíquicas ou psicanalíticas servem pra quê? Freud acreditava na cura através do blá-blá-blá terapêutico?" (Sim, eu disse quase isso).
O professor riu, e disse que o próprio Freud perdeu o entusiasmo e no fim das contas nem acreditava mesmo na cura através da análise, devido à falta de sucesso de muitos de seus pacientes. Segundo meu professor, ele disse: "Se o sujeito já consegue amar e trabalhar, se dê por curado".
Se Freud falou um monte de perversão e baboseira especulativa em muito de sua obra, nessa última declaração ele se salvou do enforcamento em praça pública.
As terapias servem para alguém abalizado nos dar alguma explicação sobre sentimentos aos quais não conseguimos dar nexo lógico, ou explicar por que sentimos. O terapeuta diz: é isso. E mesmo não estando curado, pensar que encontrou uma resposta para a teia em que se estava enganchado é um alívio para o indivíduo. É quase a cura.
Sim, porque a cura só trabalhando. E amando de novo.
Existe meia-cura?
Moral da História 1.: Psicólogo bom é aquele que resolve seus problemas de 22 anos em duas sessões. Mesmo que você tenha pago 160 reais por isso.
Moral da História 2.: Psicólogo bom é um bom cabelereiro e uma boa compra de roupa em vez de pagar 160 reais por 1 hora e meia de papo sem futuro.
Moral da História 3.: Não existe coerência no meu texto.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Voltas às tortas
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Psicotrelelês
É, se as decisões fossem assim estanques como as árvores (e olhe que elas andam caindo adoidado), a vida seguiria estrada reta pra over the rainbow.
Estou hoje aqui, escrevendo nada pra ninguém e isso me parece um autismo de quinta categoria.
O meu corpo tem delay, passados estresses e fortes emoções, dias depois aparecem os resultados. Febre, garganta, gânglios inchados no pescoço.
Todo mundo devia ir fazer terapia, é ótimo contar intimidade para estranhos e sentar na poltrona do vovô. E poder ficar falando só de si e dos seus problemas, sem ser interrompido com o problema do outro, que vai pedir sua opinião e ajuda.
O fato é que Miss S. vai ter que fazer um belo trabalho psicológico nesta aqui e penso que ela nem vai mais ligar pra marcar a próxima consulta, com medo da bomba.
Ela me fez duas perguntas, para as quais não tive resposta e estou matutando. Disse pra eu pensar e dizer na próxima semana. Tudo bem, meu maior medo é mesmo achar as respostas.
Falar é bom porque você se ouve e descobre coisas que você não sabia que pensava. O que também pode deixá-lo mais confuso, às vezes. Ops, estou confusa. Falar é mesmo bom?
Estava falando a uma amiga ontem de uma música de Chico Buarque que adoro muito, "Mil Perdões". Acho boa pra trabalhar a questão da coerência e antônimos não perfeitos (papo de professora FAIL) e ela diz assim, no final:
"Te perdoo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdoo
Te perdoo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdoo
Por te trair"
É a vida nesse lugar, a gente vai ter que pedir desculpas por amar e por ser gentil e por não ser egoísta e por querer o bem. Pode escrever: "Ops, desculpa pelo carinho, neijos".
Meu orkut disse hoje " Nunca deixe que os seus princípios impeçam você de fazer o que é certo".
Mas como eu vou saber se meus princípios me impedem de fazer o que é certo se julgo o que é certo justamente através dos meus princípios? Princípios, eu os perdoo por me traírem.
Pra quem corrigiu 100 textos em dois dias, pareço até sã.
Discurso fragmentado é a nova moda do verão.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Desmemoriados
Apaga-se a luz, o lápis, a tatuagem.
Apagam-se as velas, os números,
os recados, mensagens, poemas,
os cordéis desencantados.
Apagam-se as horas, respiros, zunidos,
risos.
Os conjuntos sem interseção.
Apagam-se as rosas,
as vermelhas, as brancas.
Apagam-se as palavras de malabares,
os bares, as sutilezas, afeição.
Apagaram-se os verbos no futuro,
do presente, eram presentes.
Ausentes.
Apega-se e não se apaga.
Por mais que se apaguem as coisas,
as lousas, as luzes.
Não se apagam.
E não se acabam.