quinta-feira, 29 de abril de 2010

Crônica desesperada de acadêmica tresloucada

Adendo: Este é um texto SUBJETIVO, como aqueles que não podemos escrever na academia.

O que é língua, linguística, linguística geral, aplicada, histórica, diacrônica...? céus! Qualquer coisa que você responda pode ser rechaçada de alguma forma, por alguma corrente teórica, filosófica agh. E queira Deus que você escolha a preferida do professor que lhe perguntou.
Quem sou eu? Só vou poder escrever algo decente quando estiver a par de todos os ruídos acadêmicos sobre todos os conceitos acadêmicos? O que eu faço enquanto isso nos Congressos dos quais tenho que participar obrigatoriamente? (para continuar sendo remunerada maravilhosamente pelos órgãos do governo que nos pagam para fazer este mundo menos torpe e estagnado)

O caráter transitório do conhecimento e da ciência é consenso entre os coerentes, é presente nos discursos de todos os que possuem seus títulos universitários. Apesar disso, o que se vê em seus procedimentos, modos de tratar os assuntos e, sobretudo, os alunos, é que o conhecimento pode ser detido, fotografado, esgotado. Escopo?
Assim como o rio do meu último texto, todos os temas acadêmicos possuem milhares de transversalidades tanto disciplinares quanto interdisciplinares com outros. Como algum ser humano pode se sentir capaz de esgotar um tema desses se ignora tantos desses vieses que o tangem?


De uma hora para outra, se perde a segurança até de citar algum autor - quem sabe ele já não estará fora de moda entre os professores doutores cooperativistas provincianos da sua universidade? Who knows?

Eu espero um dia voltar a escrever um texto acadêmico como os meus primeiros: que suscite menos respostas e mais perguntas.
A academia, para as ciências humanas, serve para fazermos sempre melhores perguntas do que as de antes, que atendam à fome do nosso tempo, não para responder caquéticas interrogações que só têm a ver com quem quer manter o conhecimento num ostracismo muito conveniente. Para eles, óbvio.

Sinceros desabafos,

Ana Bolena.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Influentes

Se os afluentes são metáforas da natureza para os braços das gentes, o alcance de cada um deles oscila com a extensão do rio que lhes dá origem.
O toque em cada coisa deságua na alma dos que têm alma; as veias são como os caminhos de areia, visgo de fiozinhos d'água limpa ou suja, do capibaribe - capiberibe -, abaeté, tietê, iguapé,,,,,,, Os rios de hoje, e os toques dos afluentes - o que será deles, meu Deus?


A geografia do corpo é inteligente. O corpo que tem geografia, matemática, biologia, química, física, história, geometria, língua dos dedos, vazam correntes - pra fora, pra dentro - e quanto mais largo o afluente, mais água vai-e-vem, água boa?


A água é boa condutora; leva a alma para os dedos e o mundo para dentro.
A água do rio é outra a cada instante, mas o rio é o mesmo.

Eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos. Deles, riem. De rien.


domingo, 4 de abril de 2010

Gelatina

Les Affinités électives, René Magritte, 1933
 





Eu tenho corações fora do peito
Espalhados pelas partes do mundo
Meus pedaços de peito, espelhados

Eu tenho um coração bem aqui
Cravado no peito, batendo na palma da mão

Eu tenho versos livres nas mãos
Saindo da gaiola
Passeando lá fora
A água sempre escapa
Ente os dedos da nossa mão



No meu peito, balas de canhão
Atirando lá, cá, ali, longe
O meu próprio peito
Vazias minhas mãos                                                                     

Quantos corações fora do peito
Vale a palavra liberdade?
Saudade

Eu que não quero esquecer
No meio do caminho
O meu caminho
O meu coração