segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para esquecer a linguística, Claudel.

E chega de linguística! Estou me roubando esse tempinho, em que eu devia ler "O Homem na Língua" de Benveniste - pra poder falar mal de Benveniste amanhã na aula - e vou falar de algo que realmente me toca, além dessa coisa de desvendar o invendável da linguagem.
Camille Claudel, escultora do fim do século XIX, amante e aprendiz do conhecidíssimo Rodin, "conquistou" seu entrelugar nas artes por seu talento incrível e desequilíbrio também.
Falo do filme que (aos trancos e barrancos) consegui terminar de ver ontem. Informações técnicas aqui.

Então, como eu dizia, essa mulher viveu junto de Rodin, aquele escultor de "O Pensador" ,obra que já virou até kitch de tanto ser citada. Eu vi coisas de Rodin ao vivo na Pinacoteca de São Paulo, em março do ano passado, e - sem exageros -  pude provar um pouco do que é ver de perto uma obra de arte. Aliás, São Paulo já vale a existência por tudo de arte que podemos ver ali.

Ok, seus pressupostos são do século XIX. Mas que mania a nossa é a de querer que as pessoas do seu tempo não carreguem nada de seu tempo! A "verossimilhança" trazida por músculos, ossos, faces nada barrocos, mas ainda assim ousados, é muito bonito de se ver.


















Auguste Rodin - A Sombra


Aí é que eu nem conhecia Claudel, culpa - será? - desse patriarcalismo corroborado pela insanidade completa dessa artista maravilhosa. Não dizem que todo gênio não tem equilíbrio emocional algum? 
Então fica aqui a dica do filme. A gente precisa mais de arte. E de loucura.


















 Camille Claudel - O Beijo


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ainda sobre liberdade...

Depois que ganhei de presente a minha liberdade, esse tema não me sai da cabeça e da vida.

Agora, por um viés filosófico, falemos de Nietzsche (só escrevi o nome certo porque copiei) e de liberdade, com o Café Filosófico.
Créditos e agradecimentos a Victor Rodrigues, querido amigo que sempre me manda somente coisas extremamente relevantes. 



sábado, 15 de maio de 2010

Constatação

Aquele velhinho na foto, com a pele dobrada, os olhos dobrados, os cabelos brancos, os olhos marejados (provavelmente cataráticos)...
Aquele velho já foi um bebê, já balbuciou as mesmas coisas de todos os outros bebês. Ele já caiu durante uma brincadeira no quintal (naquela época não havia condomínios), ele já teve seu primeiro beijo, sua primeira namorada, sua primeira decepção.
Aquele velhinho já precisou ir à escola, sair para trabalhar, trabalhar para viver. Ele já casou (ou não), já viveu o que é o amor.
Aquele velhinho frágil ali na foto é o meu poeta preferido.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Liberdade para quem?

O que é liberdade? É ir para onde se quer, na hora em que se quer? É botar as malas nas mãos e sair solto pelo mundo, com o peito livre de qualquer um que pudesse prender com cobrança, dependência, saudades?
Ser livre é sinônimo de ser individual?
Pois é o que se propaga nas vozes e nos passos da maioria daqueles que dizem buscar a liberdade neste nosso mundo. A liberdade é viver só, solto.

Descubro aos poucos que a liberdade é criar raízes, prender-se. Por opção e não por falta dela. A liberdade não é poder ir a todos os cantos, por não saber aonde ir. Ela pode significar a permanência, nascer, crescer e morrer no mesmo lugar a vida inteira, porque se ama estar ali, com as mesmas companhias, as que trazem a felicidade.

Soube de um homem que, numa terra estrangeira, optou por ser taxista. Sua paixão era a leitura, ele amava os livros, e essa profissão lhe dava tempo para exercer a sua liberdade de ler mais. Sua casa era tomada por livros, que ele consumia com paixão, plantado naquela cadeira com asas que não eram de cera. Ele era taxista.


Precisamos nos libertar de paradigmas, de lugares-comuns; precisamos assumir nossas fraquezas, nossa incapacidade de compreender todas as coisas em sua totalidade.

Precisamos viver em busca daquilo que nos faz sorrir e ter coragem de levantar aquela bandeira, com nossa cara estampada.

O que buscamos? A liberdade em companhia. Assim como a felicidade, a liberdade só vale a pena se compartilhada.