terça-feira, 23 de março de 2010

Branco

meu verso avesso corre até o reverso
eu te pergunto o que é que eu peço

antes que eu me despeça
ou que você me desconheça
traga nas mãos, nos dedos, na cabeça:

um lindo buquê de palavras
uma noite que nunca amanheça

sábado, 6 de março de 2010

Ó(s)culo

Ganhei um par de óculos, com apenas um óculo, porque, sem saber, já tinha o outro lado desde sempre guardado no ombro. Juntei as duas partes, colei por enquanto com fita adesiva, depois cola-se com cola Tempo.
 
No meu óculo novo há um desenho colorido, uma estampa, um carimbo.
Acontece assim: em tudo pra onde eu olho, em um dos meus olhos, está aquele desenho, fazendo uma composição do tipo background com a paisagem. O óculo, a arte do acaso e o mundo.
E eu olho as coisas, os objetos, as roupas, as músicas (sim, a música também se vê) e tudo agora é isso mais aquilo.
No meu melhor mundo, no meu óculo e nos meus ósculos, em tudo o quanto eu queira olhar, uma silhueta me acompanha.
Só se pode enxergar bem com os dois olhos abertos. E com os dois óculos no rosto. E com todos os ósculos na boca.