Já disse que a felicidade se põe num gráfico relativo à inteligência em uma posição inversamente proporcional. A questão da consciência faz do ser humano um pouco mais angustiado do que deveria com as coisas sobre as quais normalmente não tem poder algum.
Prova disso é o alto índice de suicídios de pessoas de filosofia (totalmente embasado este argumento, hein?). Sem brinks, o fato é que quanto mais temos consciência sobre o labirinto em que estamos imersos, é mais difícil ter esperanças e ser otimistas diante da História e dos fatos presentes. A caixinha de Pandora se abre para aqueles que são capazes de ver (e sentir, principalmente) um pouco mais além. É quase insuportável: então, você finge que nunca viu nem nunca abriu a caixa e segue em frente, se enganando e tomando sombra e sal.
Longe desta que vos fala se considerar o ápice da inteligência feminina, quando ela mesma conhece figuras como Hilst e Lispector que a colocariam num abismo obscuro se a comparassem com elas. Jamais. Mas se há a certeza de que existem mulheres muito mais inteligentes e fantásticas do que eu, há também a de que há ainda mais criaturas deprimentes. Fico com uma frase de twitter de Millôr Fernandes: "De uma coisa estou certo: sou bem pior do que os melhores – mas um pouquinho melhor que os piores".
Observando as histórias de vida das divas que mais amo, há uma constante. Nenhuma delas teve uma vida normal, no padrão social de felicidade. Nenhuma delas foi linearmente feliz no amor: desastres totais.
Hilda se apaixonou por figuras diversas. Uns viraram personagens de poesias, como o Dionísio da Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé. Outros foram figuras famosíssimas, como Marlon Brando, este a quem ela não conseguiu seduzir. No fim de tudo, fica a pergunta: Hilda foi feliz no amor? Como saber?
Leminski tem um poemeto muito bonitinho e verdadeiro que diz:
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Pelas rimas dela, vejo que jamais poderia ela ter sido feliz no amor, porque o "ouro de dentro" de que tanto falava não poderia permitir. Esse ouro era ela mesma, era essa sede dela pela vida, pelo conhecimento, pela busca de respostas.
Assim foi também com Clarice, que se definia como uma grande pergunta. Alguém que se pergunta tanto só pode passar a vida toda sozinha, porque não se podem encontrar respostas em ninguém.
Um amigo meu me disse que era muito bom conversar com mulher inteligente. Um dia, tempos atrás, eu e ele passamos um tempo grande conversando no MSN sobre dialética, sofismas e um punhado de assunto que ia se empilhando e dando voltas em outros. A conversa era bem interessante e exercitava os miolos de ambos. Trazia contribuição para a vida dos dois.
Ele disse que no mesmo dia tentou puxar o mesmo assunto na janela ao lado com uma ex-namorada dele, e ela simplesmente desconversou dizendo "lá vem você com essas conversas complicadas". Riu e o diálogo parou por ali nas primeiras frases.
Eu conheço de vista essa menina, e ela anda sempre feliz nos corredores, parece bem satisfeita. Ou seria só o verdume do muro ao lado?
Ainda não consegui achar vantagens em ser inteligente (ou um pouquinho melhor do que as piores). Elogios? "Conversar com você é fantástico!". E daí?
As pessoas sedentas por respostas costumam exigir muito das outras, como exigem da vida e de si mesmas. As outras não suportam isso, ainda mais os homens.
As mulheres inteligentes estão fadadas ao fracasso?
E se colocarmos roupinha de ginástica e pintarmos os cabelos de louro? E se usarmos salto cor-de-rosa com calça apertadinha? E se rirmos das coisas idiotas que nos dizem? E se enchermos o álbum do orkut de autofotos no espelho, mostrar decote e fazer caras e bocas? Um brinde ao lirismo! Aurea mediocritas. Um beijo, Horácio (informe-se).
Meu novo Houaiss grandão (obrigada, bônus do Governo de PE) diz assim:
felicidade
n substantivo feminino
1 qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar
2 boa fortuna; sorte
Ex.: para sua f., o ônibus atrasou, e ele pôde viajar
3 bom êxito; acerto, sucesso
Ex.: f. na escolha de uma profissão
Consciência plenamente satisfeita só se for inconsciência, neguinho.
SORTE! SORTE! SORTE! SORTE!
Felicidade é sorte. Inteligência não.
É só isso. Não tem mais jeito. Acabou. Boa SORTE!
Ósculos e Amplexos. De amigo.
Prova disso é o alto índice de suicídios de pessoas de filosofia (totalmente embasado este argumento, hein?). Sem brinks, o fato é que quanto mais temos consciência sobre o labirinto em que estamos imersos, é mais difícil ter esperanças e ser otimistas diante da História e dos fatos presentes. A caixinha de Pandora se abre para aqueles que são capazes de ver (e sentir, principalmente) um pouco mais além. É quase insuportável: então, você finge que nunca viu nem nunca abriu a caixa e segue em frente, se enganando e tomando sombra e sal.
Longe desta que vos fala se considerar o ápice da inteligência feminina, quando ela mesma conhece figuras como Hilst e Lispector que a colocariam num abismo obscuro se a comparassem com elas. Jamais. Mas se há a certeza de que existem mulheres muito mais inteligentes e fantásticas do que eu, há também a de que há ainda mais criaturas deprimentes. Fico com uma frase de twitter de Millôr Fernandes: "De uma coisa estou certo: sou bem pior do que os melhores – mas um pouquinho melhor que os piores".
Observando as histórias de vida das divas que mais amo, há uma constante. Nenhuma delas teve uma vida normal, no padrão social de felicidade. Nenhuma delas foi linearmente feliz no amor: desastres totais.
Hilda se apaixonou por figuras diversas. Uns viraram personagens de poesias, como o Dionísio da Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé. Outros foram figuras famosíssimas, como Marlon Brando, este a quem ela não conseguiu seduzir. No fim de tudo, fica a pergunta: Hilda foi feliz no amor? Como saber?
Leminski tem um poemeto muito bonitinho e verdadeiro que diz:
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Pelas rimas dela, vejo que jamais poderia ela ter sido feliz no amor, porque o "ouro de dentro" de que tanto falava não poderia permitir. Esse ouro era ela mesma, era essa sede dela pela vida, pelo conhecimento, pela busca de respostas.
Assim foi também com Clarice, que se definia como uma grande pergunta. Alguém que se pergunta tanto só pode passar a vida toda sozinha, porque não se podem encontrar respostas em ninguém.
Um amigo meu me disse que era muito bom conversar com mulher inteligente. Um dia, tempos atrás, eu e ele passamos um tempo grande conversando no MSN sobre dialética, sofismas e um punhado de assunto que ia se empilhando e dando voltas em outros. A conversa era bem interessante e exercitava os miolos de ambos. Trazia contribuição para a vida dos dois.
Ele disse que no mesmo dia tentou puxar o mesmo assunto na janela ao lado com uma ex-namorada dele, e ela simplesmente desconversou dizendo "lá vem você com essas conversas complicadas". Riu e o diálogo parou por ali nas primeiras frases.
Eu conheço de vista essa menina, e ela anda sempre feliz nos corredores, parece bem satisfeita. Ou seria só o verdume do muro ao lado?
Ainda não consegui achar vantagens em ser inteligente (ou um pouquinho melhor do que as piores). Elogios? "Conversar com você é fantástico!". E daí?
As pessoas sedentas por respostas costumam exigir muito das outras, como exigem da vida e de si mesmas. As outras não suportam isso, ainda mais os homens.
As mulheres inteligentes estão fadadas ao fracasso?
E se colocarmos roupinha de ginástica e pintarmos os cabelos de louro? E se usarmos salto cor-de-rosa com calça apertadinha? E se rirmos das coisas idiotas que nos dizem? E se enchermos o álbum do orkut de autofotos no espelho, mostrar decote e fazer caras e bocas? Um brinde ao lirismo! Aurea mediocritas. Um beijo, Horácio (informe-se).
Meu novo Houaiss grandão (obrigada, bônus do Governo de PE) diz assim:
felicidade
n substantivo feminino
1 qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar
2 boa fortuna; sorte
Ex.: para sua f., o ônibus atrasou, e ele pôde viajar
3 bom êxito; acerto, sucesso
Ex.: f. na escolha de uma profissão
Consciência plenamente satisfeita só se for inconsciência, neguinho.
SORTE! SORTE! SORTE! SORTE!
Felicidade é sorte. Inteligência não.
É só isso. Não tem mais jeito. Acabou. Boa SORTE!
Ósculos e Amplexos. De amigo.
6 comentários:
Leia "Como me tornei um estúpido", de Martin Page, se ainda não leu.
Eu queria ter um comentário inteligente pra te agradar.
Eu não acho que nem as mulheres (nem os homens) inteligentes estão fadados ao fracasso. Por sinal, esta questão é o post mais comentado da comunidade "mestrado e doutorado", hehehe.
A questão fundamental é passar a fazer a inteligência jogar no seu próprio time e, principalmente, alargar as perspectivas de visualização da mesma coisa.
Não acredito na felicidade eterna das "burras". Elas também tem seus dilemas (fúteis ou não) e pior, tem menos massa cinzenta pra olhar pra si e ver o que se passa. Podem ter o prazer da vaidade, o prazer sexual, mas não vão ter o prazer de ler Hilst.
De quebra, tem que conviver com homens desinteressantes. A felicidade e a tristeza também existem nos seus universos, só que em posições e patamares diferentes.
Difícil conjecturar sobre isso sem parecer auto ajuda, por isso, vou parando por aqui.
*Vez por outra eu venho por aqui, vou lendo e pensando no que comentar, mas o pensamento vai ficando grande e eu desisto de escrever tudo, heheh
... eu acho que sou muito burra, então... heheheheh
Depois que ouvi um cara falando que queria muito uma piriguete burra dependente pra ele, porque tava cansada de mulher inteligente, independente, proativa, (só isso), meu mundo mudou.
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