quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

E a alma dói no texto

A escrita dói em cada um que sente quando escreve. Dói em mim, dói nela, neles, dói nos meus alunos que me imploram,  "tia, não gosto de escrever", e tenho vontade de responder "também não gosto não, meus amores, mas a gente precisa, mesmo que doa". Não digo isso, porque eles me achariam louca.
Sei alguns motivos pelos quais a gente sente navalha na carne quando caneta vai no papel. Escrever é vômito, é deixar sair de dentro as entranhas, escapam as estranhas nuances da gente mesmo, que a gente sabe ou não sabe - mas a gente sempre sabe da gente, sem saber.

Me disseram pra ensinar as crianças a escrever. Eu ensino a doer. Malu disse: - Não consigo, não consigo!, e minha vontade era dizer assim "Não escreva não, menina". Não sei se quero ensinar a doer.

Hoje em dia, escrever continua doendo na minha alma. Mostrar as coisas escritas também, mas faço isso aqui como um exercício de execração pública, assim como fez aquele Cara há dois mil anos. Mesmo que a mim só as paredes ouçam, neste quarto os males saem, doem, e faço isso porque só posso gostar da dor, porque tudo acaba um dia, as pessoas acabam, as coisas acabam e escrever não acaba. Doer não acaba mais.


2 comentários:

disse...

Seria sua faceta masoquista?
:D

Anônimo disse...

Eu sempre senti dor. Mas juro, adoro isso.