sábado, 12 de dezembro de 2009

Fins?

As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho.

Mário Quintana

Dando um ponto final em toda essa coisa de vaca, ruminantes e esterco, vou falar é dessa coisa de fim.

Fim de ano, fim de curso, fim de amizade, fim de paciência, fim de ilusão, fim de estágio, fim de memória. FIM.
Costumo dizer para os alunos que todos eles sabem, sim, escrever um texto na sequência certa. Afinal, todos nós, quando falamos, estruturamos nosso discurso em uma sequência lógica, bem ligada a nosso objetivo de comunicação. Tudo bem, uns são muito mais bem sucedidos do que outros, mas em todos os discursos formais ou informais que circulam por aí, podemos encontrar início, meio e fim.

Quando pequenos, na escolinha, a gente vê isso demais: os seres nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Por que os livros de ciências insistem em omitir as partes mais interessantes das coisas? (ao menos eles citaram a reprodução).

Assim como nos discursos e nas teorias de aula de ciências, a vida da gente passa por uns ciclos, normalmente marcados por importantes acontecimentos ou na vida familiar, ou pessoal, ou profissional. Ou combinações possíveis desses três elementos.
O calendário anual, por exemplo, é um ciclo temporal que funciona mais ou menos para todo mundo. Todos nós sentimos que o fim de ano é época de decidir coisas, planejar outras, reafirmar umas, deletar outras. É tempo de decisão, tempo de transição. Porque parece que o ano seguinte é mais uma chance de acertarmos onde queríamos e não conseguimos. Parece que se apaga tudo e a gente nasce de novo. A gente zera o relógio.


Meu ano novo começou um pouquinho antes do de todo mundo.

Com oportunidades aparecendo naturalmente, com antigos problemas sendo completamente superados, com formatura, reafirmação de amizades realmente importantes, de novos ares, novos olhares, novos sorrisos. De reconhecimento. De receber abraços efusivos de alunos que dedicam a você a vitória deles na vida. E tudo isso justamente quando não havia plano algum: os próprios planos se planejaram e apareceram prontinhos, na mais perfeita ordem.

Para mim, fim de ano não é época de comprar presentinho pra quem você gosta. É tempo de reafirmar a sua identidade e descobrir que ela depende também dos outros (esse sim é o presente que você ganha de alguns deles). E descobrir que se é sempre outro, a cada ano.
Fim de ano, agora, é tempo de listar tudo aquilo que você queria ter feito e fez. E ficar feliz por isso. E esquecer o resto da lista: o que não aconteceu não existiu. 

Também é tempo, sim, de fazer a nova lista de planos a serem realizados. Planos, não sonhos. Porque essa palavra faz dos planos sempre um pouco irrealizáveis.

A minha de 2010 vai começar com uma enorme reticência. E terminar também.

4 comentários:

Marconi Madruga disse...

Estou curtindo muito terminar meu 2009 em sincronia contigo.
Mas sobre o post, sinto que 2009 tem mais cara de fim que os outros anos. Muita gente partindo, mudando de curso, mudando de emprego, arrumando emprego, se formando, tecendo a teia dos próximos anos (ou pelo menos encomendando o tecido).

2010 vai ser um macrocomeço. E, surpresa, fim de década, também seguindo a cronologia natural. Como somos previsíveis...

Gabriela disse...

Às vezes, o fim de uma coisa significa o início de outra. Mas só às vezes.

Clarissa disse...

Marconi disse tudo por mim, neijos.

Lini disse...

É a sensação de perda que faz com que a gente comece um ano totalmente novo, com novas metas. É a sensação da perda que instiga novas conquistas.

Parabéns pelas conquistas alcançadas e 'perdidas', que agora venham as novas, flor.